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IELMO MARINHO É SUA GENTE

Eu amo Ielmo Marinho. Não nasci aqui, mas cheguei no tempo em que - o centro é no centro, na zona rural grande parte da população mora -, provinciana, de casas pequenas e simples, pela manhã uma cidade agitada, mas a sua noite é do silêncio. Poucas praças, sem avenidas e aos fins de semana sem ter muito o que fazer. Já conheci outras cidades, até aquela que foi planejada, Brasília. Mas nem penso em voltar. Porém, quando penso em Ielmo Marinho, vejo que é o meu lugar.

Como escritor, eu poderia morar e escrever sobre qualquer grande metrópole do mundo, escrever diante de monumentos deslumbrantes. Agora, morando em Ielmo Marinho... Se o computador der pau, quem conserta? E se der fome à noite, quem entrega comida? E se eu quiser pesquisar algo na biblioteca, terá alguma completa por perto? E se eu quiser relaxar e ver um filme, terá algum cinema na região? E se eu quiser me inspirar e assistir a uma peça dos Clowns de Shakespeare? E se eu quiser comer sushi no Midway? E se eu quiser jogar basquete? E onde estarão os meus amigos de Natal? E quando trouxerem uma exposição de arte? E haverá uma feira de livros com todas as editoras representadas? Aliás, dará para eu comprar livros a qualquer hora do dia? E se eu quiser um shake mix de nutela com ovo maltine? E se eu estiver duro, terá uma peça custando R$ 1, ou uma peça grátis? E sebos com livros usados?  Posso ser ouvinte de uma boa universidade? 

Quem decide ficar em Ielmo Marinho deve abrir mão de tudo isso. Olha o dilema: uma vez morando nela, consegue se livrar do que faz bem à alma? Há também estresse sem tantos serviços. É desesperador ter uma paisagem deslumbrante, mas o computador não ter conserto.

Ielmo Marinho não tem cara. É uma cidade plural. Por isso, fascina. Por isso, funciona. Da rua principal de Umari, vê-se a cidade se acotovelar no sentido da Sede. Sobre ela, a indefinida cor da seca. Suas ruas não seguem um padrão. Há calçadas de concreto com cor e sem cor e casas sem calçadas. Suas ruas são curvas, não fazem sentido. De repente, tem casas. Mais à frente, um terreno vazio e muita mata. Se ver de suas varandas, roupas secando, crianças brincando, TV's ligadas. Ielmo Marinho é um mundo entre suas lagoas e rios. Não existe nada igual. É única é essencial. Nas calçadas, não se estranha um negro de mãos dadas com uma loira, um bêbado conversando com um médico, um doido de terno e gravata, homossexuais a dançar pela cidade, desempregados, cachaceiros, políticos e ex-políticos, todos juntos rindo um da piada do outro e jogando conversa fora. Ielmo Marinho é sua gente. 

Em muitos distritos, ainda se diz afetuosamente “bom dia” às manhãs. O sol nem nasce, mas já tem gente saindo para o campo. Ielmo Marinho mudou muito nas últimas décadas. Ielmo Marinho nem sempre muda muito. Ficou melhor e pior. Ela ganhou a violência urbana. Mas também ganhou a festa do Abacaxi, novos comércios, ganhou a primeira obra literária da cidade, entre outras coisas boas e ruins. A cada ano algo novo vai surgindo. Bem, entre o barulho e a poluição do trânsito das grandes cidades, a visão do mar e o fast food simples e prático, prefiro ver os passarinhos do campo, a tranquilidade de uma cidade provinciana. Prefiro o mundo bucólico da querida Ielmo Marinho.

Um comentário:

  1. Vontade não falta para deixar Natal e aportar-me ai. Quem sabe!

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